domingo, 18 de janeiro de 2009

Que relativismo cultural é esse?

O multiculturalismo é um termo cuja aplicação nunca foi vista com tanta clareza quanto nos dias atuais. Ele pode ser entendido como a "mistura de culturas" [e nesse sentido o Brasil é um dos países mais multiculturais do globo]; está sempre associado ao relativismo cultural [como um atalho para a compreensão dos variados costumes dos diversos povos do planeta] e é intensificado pelo processo de globalização.

É conveniente explicitar aqui que o fato de compreender o outro, a prática da alteridade em si, não equivale a aceitar ou corroborar determinada prática. Por exemplo: em muitas nações do Oriente Médio, a mulher é preterida em relação ao homem em direitos. Na Arábia Saudita, elas nem podem conduzir veículos. Uma pesquisa sobre os costumes locais - uma tentativa de transformar o exótico da distinção por gênero dos sauditas em algo familiar - fornecerá insumos para a compreensão dessa cultura, do porquê de ser assim. Não significa, porém, que fortaleço esses hábitos. Minha opinião pessoal é de repúdio à qualquer discriminação, seja étnica, sexual, religiosa etc. Como todo jornalista, creio que os direitos humanos - compilados em um documento oficial da ONU em 1948 - devam ser promovidos e preservados.

Então para quê serve esse papo de cultura pra lá, cultura pra cá, visão de um e visão de outro? Para desmitificarmos preconceitos e compreendermos como a coisa funciona de fato. Todos concordam que um relato de um jornalista que conviveu por três meses com
índios Fulni-ô, em uma aldeia no interior de Pernambuco, é potencialmente mais rico, detalhista e próximo da realidade da tribo do que de um pesquisador que recolhe apenas dados em bytes através de seu computador em São Paulo. Com a alteridade aprendemos a "sair da nossa garrafa" (nas palavras de um professor meu) e ver que o mundo é mais do que as nossas impressões sobre ele.

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